Enfim uma semana se passou da tão esperada cirurgia, incrível como um evento como este mexe com nossa vida, precisei reorganizar muitas coisas e graças a Deus tenho uma rede de apoio maravilhosa, mesmo assim a sensação de impotência é enorme tanto para mim quanto para aqueles que me rodeiam.
A cirurgia foi super tranquila apesar da espera e da expectativa, pois atrasou 3 horas para seu início, o que altera o humor de muitas pessoas, no meu caso, afetou meu estômago já que estava há muitas horas sem comer, e aqui entra o bom e velho Reiki, técnicas de meditação para desanuviar a mente.
Sai da cirurgia bem, com fome, rs, e já querendo ir embora, contudo, sem muita noção do que foi e do me esperava.
Quando a cirurgia terminou o Dr veio falar comigo e claro não me recordo com clareza do que foi dito, apenas entendi que provavelmente iria para casa no sábado. A enfermeira me tirou da sala de cirurgia e me levou para a observação no momento em que meu esposo subia ao andar para ter notícias, que alívio, ele que me viu brevemente, ainda sonolenta e dando um leve tchauzinho.
Após o período de observação fui para o quarto e estava bem, sem sono, sem dor, porém eu tinha ouvido que entrariam com morfina, um analgésico fortíssimo por ser derivado do ópio e com excelente efeito no tratamento de dores. Logo veio o jantar e o lanche da noite, eu me sentia muito cheia devido aos gases naturais de uma cirurgia e além disso, neste tipo de procedimento injetam gases para melhorar a visibilidade, conclusão, com fome, me sentindo fraca mas sem conseguir comer direito, frustração era o sentimento da vez.
Após o jantar combinei com meu esposo dele ir para casa, cuidar do nosso filho, pois eu estava bem, estava tudo tranquilo, pelo menos eu achava... E claro que achava isso, estava bem, o médico disse que eu poderia ficar sozinha, eu acreditava que ia dormir a noite toda, mas claro que nem tudo são flores.
Quando ele estava se despedindo, minha visão ficou turva, senti tonturas e pedi para ele chamar as enfermeiras porque a pressão estava caindo, eu estava apenas sentada, e aqui começa os momentos em que percebo que sozinha não dava para ficar. Ele apertou o botão e nada, na sequência ele foi até a recepção, pois eu estava desmaiando, meus lábios estavam brancos, eu pálida.
Minha pressão chegou a 6,5 que eles arredondam para 7 por 3,6 que arredondam por 4, eu sinceramente não entendo muito bem estes arredondamentos que para mim não são matemáticos.
Foi um susto para ambos e decidimos que ele me acompanharia, no fim, nada mais aconteceu durante a noite, mas era melhor não arriscar, já que na manhã seguinte meu sobrenome era queda de pressão.
Na madrugada tiraram a sonda e a dor começou, eu precisava me movimentar na cama ainda, de um lado para o outro, porém tudo doía, eu me esforçava, mas doía demais, e eu não sou tão sensível não. Pela manhã a dor foi aumentando, o efeito da morfina havia passado e as demais medicações não conseguiam conter as dores intensas.
A enfermeira veio e tentamos levantar, mas sem sucesso, tentamos uma segunda vez e minha pressão caiu novamente, conforme eu sentia a dor da cólica intensa, meu corpo se resguardava com a queda da pressão e quase desmaios, quase, porque rapidamente elevavam minhas pernas, fazendo assim o sangue circular e chegar a cabeça. Retornei a cama com muita dor, e me medicaram com morfina novamente. Depois de quase uma hora, me senti aliviada, já não doía como antes, consegui me levantar e ir ao banheiro para esvaziar a bexiga, e novamente a pressão caiu, mas pelo menos consegui, estava feliz da vida, o primeiro passo para ir para casa foi dado.
O dr veio avaliar e tudo dentro do normal, confirmando a retirada do ovário e trompa do lado esquerdo, do Gervásio um tumor do tamanho de um abacate, raspagem do intestino pois a endometriose havia afetado este órgão, e aqui era o ápice da questão.
Ao tomarmos uma anestesia é natural o intestino parar, ao mexermos no órgão tudo é potencializado, assim, as dores aumentam, acho que tenho um intestino de bebê novamente, ou seja, tudo desregulado e doloroso, muitas cólicas.
Ainda no hospital resolvi tentar caminhar mais uma vez, porém mal consegui ficar de pé e a pressão caiu, voltando para a cadeira de repouso. Novamente o sentimento de frustração me invadia, eu passaria mais uma noite no hospital enquanto, sabemos que não há lugar melhor que nosso lar, nossa cama.
Minha amiga querida veio me visitar, o que seria de mim sem esses anjos? Realmente não sei. Simone veio, Lu foi almoçar e ela me fez um Reiki no local, o plano espiritual sempre cuidando de nós, como é bom saber que podemos contar com eles, e mais que isso, sentir a presença de cada um deles, cuidando, apoiando, acolhendo, nos emanando luz e amor. 😊
Mais algumas horas e eu estava pronta para tentar novamente e assim o fiz, consegui ir ao banheiro e caminhar pelo corredor do hospital, assim como o plano espiritual havia dito. Uhuuuu eu estava bem, parecia outra pessoa e não via a hora de ir embora.
No sábado recebi a alta, graças a Deus!
Sentia ainda muito incomodo estomacal, não conseguia evacuar e isso demoraria ainda de um a dois dias devido ao procedimento e a anestesia, os próximos dias foram de muita dor. Sabe a expressão enfezada? Era eu, e você já reparou na importância deste órgão em nosso corpo? Ela é grande, porém nestas linhas apenas trarei uma reflexão, que não cabe aqui devido ao procedimento.
O que você não quer eliminar fica preso no intestino.
Reflita sobre isso e pondere o que não quer eliminar, o que se recusa a eliminar e não se dá conta, agora se seu intestino funciona normalmente parabéns, algo a menos para se preocupar.
Segundo Cristina Cairo em seus estudos a prisão de ventre esta relacionada ao indivíduo que esta segurando em sua mente algo do passado.
Já para Valcapelli o intestino delgado está relacionado com a absorção e o aproveitamento das experiências de vida, já o intestino grosso revela nosso mais profundo sentimento relacionado a uma situação a si mesmo. Já a prisão de ventre representa a negação de se doar a quem esta ao seu redor, recusando-se a externar o que sente, normalmente são pessoas mais fechadas ou com sentimentos fechados.
Cada pesquisador traz a luz suas pesquisas e ao olharmos mais a fundo, todos trazem o funcionamento do órgão relacionando com o funcionamento da mente e no fim, todos mesmo com palavras diferentes nos mostra como agimos perante a vida.
O mais belo de tudo isso é que cada parte do nosso corpo físico externa o que nosso emocional e mental estão passando, e por isso, a importância de interiorizar, de olhar para dentro, de se conhecer e reconhecer.
Nestes dias de recuperação precisei aprender a depender dos outros para aquilo que há de mais simples na vida, como fazer um café, levantar, tomar banho. Precisei ainda desacelerar, afinal tudo precisa ser mais lento.
Me senti frustrada e impotente, mais cuidadosa do que nunca com esta máquina, e pude ver no olhar daqueles que estavam ao meu redor como eles se preocupam comigo, e mais ainda, como também se sentem impotentes por não poderem me ajudar, afinal, o intestino é somente meu, e ver alguém chorando por dor, é horrível.
Contudo, tudo na vida é um aprendizado, uma semana se passou, tensa ok, mas passou e sou imensamente grata por todos ao meu redor, todos meus irmãos de luz, todas as mensagens, o carinho e a preocupação comigo.
Namastê
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