Quase 30 dias se passaram desde a cirurgia... passou muito rápido, e verdadeiramente eu não esperava ou imaginava tudo que iria passar, dias de muitas dores, uma irritação fora do normal, uma vontade de me isolar de tudo e de todos, ufa está acabando e uma nova chance se abre a minha frente.
Sim, uma nova oportunidade, pois por anos me deixei de lado, e hoje compreendi o quanto preciso me priorizar, e não só na teoria, mas na prática também.
Neste período me deixei ser cuidada, há aqueles que digam que não, mas eu deixei sim, porque eu nunca permitia isso, me acostumei a cuidar dos outros, a fazer tudo por mim, eu não sabia pedir e como tudo na vida é aprendizado, mais um para a conta.
Eu descobri muitas mulheres ao redor que sofrem com a endometriose em seus diversos níveis, e como foi o processo de cada uma delas. Algumas apenas fizeram um procedimento tranquilo de raspagem e saíram no mesmo dia, algumas horas depois. Outras fizeram o procedimento via videolaparoscopia, enquanto outros um corte na altura da cesárea, e nos casos mais graves cortes verticais.
Algumas sentiram muitas dores, outras como eu quase não sentia dor, outras o crescimento foi muito rápido e agressivo, assim cada uma foi de um jeito, sentiu de um jeito, tratou ou retirou de um jeito, afinal cada ser humano é único e com suas particularidades. Umas tiraram o útero e outras não, umas se sentiram menos mulheres e outras não, cada uma do seu jeito.
Quando eu tive a certeza do tumor do endometrioma eu entendi que possivelmente eu iria perder o útero o que não aconteceu, e eu quis isso, queria que tirasse tudo, afinal eu sei que o índice de remissiva nestes casos é alto, o próprio médico me explicou sobre isso, porém ele também me disse que preservaria o máximo possível e eu não quis discutir.
Eu não me sentiria vazia ou menos mulher por ter estes órgãos retirados, eu apenas queria cuidar de mim, tirar aquilo, me livrar e tudo bem tirar o que fosse necessário.
Eu ainda ia perguntar ao médico no retorno porque não tirou e conversar sobre a remissiva, contudo, antes mesmo do dia do retorno chegar, eu recebi todas as respostas que precisava e agradeci ao médico do plano físico e aos esforços do plano espiritual para cuidarem de mim, intensificando os cuidados, e sendo possível, como sempre fazer o melhor, conforme meu merecimento.
Em uma roda de amigos, na beira da piscina, ouvi alguns relatos sobre a endometriose, e em um deles a mulher teve e retirou tudo, útero, ovários e trompas, a ginecologista dela orientava para não fazer, mas o medo do câncer era tão grande que ela procurou um oncologista e este retirou devido ao histórico familiar.
Então, ela contou o quanto sofreu, pois a reposição hormonal só poderia acontecer depois de 1 ano, e enquanto isso ela sofria com as alterações hormonais, a irritação era imensa, a vontade de isolamento nem se fala, a libido não existia, a irritação dela era tanta que não suportava ficar consigo mesma, sem filtros, esbraveja o tempo todo, como ela disse se ela soubesse teria deixado pelo menos um dos ovários.
Eu a entendi perfeitamente, pois o simples fato de ter tirado apenas um ovário e trompas meu nível de stress estava altíssimo, imagina para quem tirou tudo.
Eu também não precisarei fazer reposição hormonal que é o caso dela, praticamente diariamente ela precisa repor algo, eu apenas tomarei remédio para controle da endometriose, e uma alimentação voltada para isso.
Sei que cada um de nós passa pelo que precisa para evoluir, sei que precisava de tudo isso, afinal me descuidei e muito, e sei que se não cuidar do meu emocional e mental, novos aprendizados aparecerão.
A endometriose esta ligada no aspecto emocional a autoestima, e por autoestima compreende o autoamor, o autocuidado, a autoaceitação não é apenas gostar de si, é o quanto se importa consigo mesmo, o quanto se cuida em todas as esferas, e gostar do externo, mas muito mais do interno, e se olhar e se amar como um verdadeiro ser de luz perfeito.
Só o amor cura!
Namastê!
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